No post anterior estivemos a dar algumas dicas sobre a substituição de fios e quais as qualidades que devemos procurar no fio de substituição.
Vamos agora desenvolver com mais pormenor cada uma das qualidades que devemos ter em conta na busca por um fio de substituição.
A primeira coisa a fazer é olhar para o fio aconselhado no modelo, neste caso (voltando ao modelo que usámos anteriormente) é usado o Drops Muskat.
Normalmente, a informação de que precisamos vem indicada na etiqueta.
© Mirromaru, Ravelry
1- O fio deve ser feito da mesma matéria que o fio recomendado
Os fios Drops também usam uma categorização de espessura, neste caso o fio pertence à categoria B (rectângulo vermelho), mas esta classificação é própria para esta marca e não nos ajuda se quisermos mudar de marca.
Como se pode ver na foto da etiqueta (quadrado amarelo), este fio é 100% algodão (Cotton).
Para obter resultados os mais parecidos possível o melhor é usarmos um fio da mesma matéria, pois nem todas as fibras têm as mesmas propriedades quando tricotadas. O que não quer dizer que vai ficar mal, apenas que vai ficar diferente, e pode não cair no nosso corpo exactamente como a peça que está na foto.
Por exemplo, o algodão é macio e liso, não tem grande elasticidade. Assim, uma peça tricotada em algodão é fluida e drapeada. Se substituirmos por um fio em lã, que é mais aconchegante e elástica, a camisola ficará mais ajustada ao corpo.
© Mirromaru, Ravelry (pormenor)
2- O fio deve ter uma metragem semelhante (número de metros por peso) ao fio recomendado
Penso que o aspecto mais importante para conseguir uma substituição de sucesso é mesmo a espessura do fio. Esta medida nem sempre é fácil de descobrir, mas há duas pistas na etiqueta do fio: a metragem do fio (quadrado azul) e a tensão recomendada (quadrado verde).
No fio Muskat temos a indicação que o fio tem 100m por 50g.
Se formos substituir por um fio também 100% algodão devemos usar um fio com a mesma quantidade de metros para 50g, pois significa que tem a mesma espessura. Esta é a medida de espessura mais fiável para fios com a mesma composição.
© Mirromaru, Ravelry (pormenor)
3- O fio deve aconselhar uma tensão semelhante ao fio recomendado (número de malhas e carreiras para uma amostra de 10 cm)
No entanto, se formos substituir por um fio com outro tipo de fibra, por exemplo a lã ou a alpaca, temos que tentar que tenha a mesma tensão aconselhada, que está indicada no novelo (quadrado verde).
Mesmo assim, nem todas as fibras têm as mesmas características de peso e densidade, por exemplo as fibras animais são muito mais leves que as vegetais pois agarram mais ar no meio da fibra, por isso 100g de um fio animal geralmente tem muito mais metros que um fio vegetal da mesma espessura.
Para o fio Muskat é aconselhada uma agulha (needle) de 4mm e a tensão que aconselham é 21 malhas x 28 carreiras (quadrado verde).
Esta medida nem sempre é muito fidedigna, depende de quem tricotou a amostra para a marca do fio e por isso a prova real para sabermos se podemos usar o fio, é fazer uma amostra com o fio que queremos usar, e ver se conseguimos obter a tensão indicada no modelo, sem que a malha fique apertada ou larga demais.
Devemos realizar uma amostra com pelo menos 10cm por 10cm, mas preferencialmente 15cm. Para evitar que a amostra enrole nos limites tricotem 3 carreiras em ponto jarreteira no início e no fim, e mantenham 3 malhas em ponto jarreteira de cada lado. Não se esqueçam que para ser uma amostra fidedigna devem lavar a amostra da mesma forma que irão lavar as vossas peças tricotadas.
© Mirromaru, Ravelry (pormenor)
4- O fio deve ter uma textura semelhante ao fio recomendado
O último aspecto importante na substituição dos fios é a textura do fio. Quando falamos em textura estamos a falar se o fio é redondo ou achatado, se é muito peludo (por exemplo, o mohair ou o angorá) ou não, se é feito em cadeia, mas também na direcção em que é fiado e no número de filamentos que o compõe.
Se observarem todas as outras categorias que referi anteriormente, este aspecto não irá ser muito importante, pois conseguem obter as dimensões desejadas usando as instruções do modelo, mas pode ter uma grande influência no aspecto de pontos rendados e de tranças e torcidos.
Novamente, a realização da amostra ajuda muito a perceber se o nosso fio escolhido está a funcionar ou não com o modelo, pois só tricotando conseguimos perceber se estamos contentes com o aspecto do trabalho. Se quiserem ver mais exemplos do efeito da textura no aspecto da peça tricotada explorem a secção swatch it, escrita por Clara Parks para a revista Twist Collective.
© Clara Parks for Twist collective
Como se pode perceber, a temática da substituição de fios é um tema complicado, e um pouco confuso. Se não usarem o fio recomendado não há garantias de que vá ficar igual à foto. O que não é mau, longe disso: assim as peças que tricotamos são ainda mais únicas e irrepetíveis.
De qualquer forma, espero que este post vos ajude a sentirem-se um pouco mais confiantes não substituição de fios.
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